“Tinha cá pra mim que agora sim, eu vivia enfim o grande amor, mentira!”
Encontro minha amiga A., no nosso botequim predileto, e a desalmada vai logo anunciando, com a ironia fina que a acompanha na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença.
Sempre tem boas histórias e uma mania louca de escolher uma música, normalmente Chico Buarque, para trilha das sagas românticas.
Como Chico tem um vasto elenco de personagens femininos e incorpora as dores e delícias das mulheres, ela escolhe no capricho, no ponto. Moleza, garoto.
“Tinha cá pra mim que agora sim, eu vivia enfim o grande amor, mentira!”, ela repete e repete, enche o saco com o “Samba do grande amor”.
Essa música nem é protagonizada por uma fêmea, e sim por um homem desiludido, um cabra cujo destino parafusou-lhe na testa belos objetos pontiagudos, como diria o compay Marçal Aquino.
Mas ela insiste e canta assim mesmo. Pior: canta e ri, uma loucura. Que diabo de sofrimento é esse com essas gargalhadas todas?
A moça é assim mesmo. Não tem jeito. E olhe que nem pediu caipiroscas de frutas vermelhas nesse dia, ficou apenas no chope, coisa fina e civilizada.
“Morrer dessa vez é que não vou”, tira onda. “Ih, estou escaldada, velho Francisco”.
O que A. me contou uma das coisas banais que mais escuto das minhas amigas nos últimos tempos. E olhe que sou conselheiro, ombudsman das moças, cupido e ouvidor-geral de muitas crias das nossas costelas.
“Sua carteira de desesperadas é grande”, ela mesma tira uma boa onda sobre um ofício que desenvolvo com gosto e curiosidade desde os verdes anos –quando sequer eu sabia o era uma mulher para valer, conhecia apenas as cabritas e as bananeiras.
A amiga deparou-se com mais um desses homens que prometem, ensaiam, jogam um charme, cultivam, cantam de galo... comparecem e..., sem dizer nada, tomam o clássico chá de sumiço.
“Por essas e por outras é que agora prefiro um bom canalha a um homem frouxo”, prega a amiga, conquistando rapidinho o apoio da mesa feminina ao lado. “Um canalha pelo menos me pega com gosto e temos noites deliciosas”.
Defende a tese e emenda, riso desavergonhado: “Passava um verão a água e pão, dava o meu quinhão pro grande amor, mentira!”
É rapazes, é tempo de homem frouxo, que corre mesmo diante da possibilidade de uma história mais densa e afetiva. Não sabem o que estão perdendo. A começar pela minha amiga cantante, belo exemplar da raça, no auge dos seus 3 ponto 6, boa conversa, boa lábia, gostosa, bocão-Jolie e um humor capaz de tornar o mais nublado dos dias no dia mais alegre e comovente para o cara que estiver ao seu lado.
Sorte desse homem!
*e seguindo no balanço, a Radio Xico Sá apresenta Milt Jackson:
Encontro minha amiga A., no nosso botequim predileto, e a desalmada vai logo anunciando, com a ironia fina que a acompanha na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença.
Sempre tem boas histórias e uma mania louca de escolher uma música, normalmente Chico Buarque, para trilha das sagas românticas.
Como Chico tem um vasto elenco de personagens femininos e incorpora as dores e delícias das mulheres, ela escolhe no capricho, no ponto. Moleza, garoto.
“Tinha cá pra mim que agora sim, eu vivia enfim o grande amor, mentira!”, ela repete e repete, enche o saco com o “Samba do grande amor”.
Essa música nem é protagonizada por uma fêmea, e sim por um homem desiludido, um cabra cujo destino parafusou-lhe na testa belos objetos pontiagudos, como diria o compay Marçal Aquino.
Mas ela insiste e canta assim mesmo. Pior: canta e ri, uma loucura. Que diabo de sofrimento é esse com essas gargalhadas todas?
A moça é assim mesmo. Não tem jeito. E olhe que nem pediu caipiroscas de frutas vermelhas nesse dia, ficou apenas no chope, coisa fina e civilizada.
“Morrer dessa vez é que não vou”, tira onda. “Ih, estou escaldada, velho Francisco”.
O que A. me contou uma das coisas banais que mais escuto das minhas amigas nos últimos tempos. E olhe que sou conselheiro, ombudsman das moças, cupido e ouvidor-geral de muitas crias das nossas costelas.
“Sua carteira de desesperadas é grande”, ela mesma tira uma boa onda sobre um ofício que desenvolvo com gosto e curiosidade desde os verdes anos –quando sequer eu sabia o era uma mulher para valer, conhecia apenas as cabritas e as bananeiras.
A amiga deparou-se com mais um desses homens que prometem, ensaiam, jogam um charme, cultivam, cantam de galo... comparecem e..., sem dizer nada, tomam o clássico chá de sumiço.
“Por essas e por outras é que agora prefiro um bom canalha a um homem frouxo”, prega a amiga, conquistando rapidinho o apoio da mesa feminina ao lado. “Um canalha pelo menos me pega com gosto e temos noites deliciosas”.
Defende a tese e emenda, riso desavergonhado: “Passava um verão a água e pão, dava o meu quinhão pro grande amor, mentira!”
É rapazes, é tempo de homem frouxo, que corre mesmo diante da possibilidade de uma história mais densa e afetiva. Não sabem o que estão perdendo. A começar pela minha amiga cantante, belo exemplar da raça, no auge dos seus 3 ponto 6, boa conversa, boa lábia, gostosa, bocão-Jolie e um humor capaz de tornar o mais nublado dos dias no dia mais alegre e comovente para o cara que estiver ao seu lado.
Sorte desse homem!
*e seguindo no balanço, a Radio Xico Sá apresenta Milt Jackson:
2 comentários:
Mil vezes um canalha à um cafajeste!
Queria um dia ter um encontro com a amiga A. de Xico, só pra dizer pra ela que eu sei bem o que é isso!
Covardia, froxidão e derivados dá nos nervos!
Como diz Xico, carregado com o sotaque da minha terra dos altos coqueiros: Rapaiz seje homi!
tenho dito: "do pó vieste pro pó voltarás"
e pior ressurgem como fênix, um misto de teologia com mitologia
o que num final dá uma grande tese filosófica!
tim tim brindemos ao som de I'm your man de Leonard Cohen, sim porque eles sempre nos contam essa história!
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