17 de dez. de 2010
16 de dez. de 2010
O HOMEM DOMINADO.
O homem dominado é um tipo clássico. Anda, porém, meio esquecido por todos. Talvez o distinto cavalheiro tenha perdido a importância diante da nova fêmea que manda no mundo. O domínio dela não é mais novidade alguma, nem nos lares e muito menos nas repartições – o que obscurece um tanto a figura desse orgulhoso e assumido pau-mandado.
Sim, o dominado, meu camarada, é bem diferente do corno manso ou conformado, para usar uma terminologia cara ao heróico Waldick Soriano. Os dois guardam uma distância regulamentar respeitável, embora ambos façam parte do mesmo folclore das relações.
Um vídeoclipe que virou hit na internet, com a música “Minha Mulher Não Deixa Não”, recuperou nos últimos dias o sentido trágico e cômico da tal criatura dominada pela digníssima e irredutível esposa. Eis o motivo para tirar a espécie do seu anacronismo e devolvê-lo à pororoca da vida.
Gravada originalmente pelo grupo Aviões do Forró, o chamegável breguinha faz sucesso agora na versão (remix) do DJ Sandro, conhecido como “o moral do Paulista” na cidade vizinha do Recife. No vídeo, com mais de um milhão de acessos no YouTube, dois amigos tentam convencer outra dupla a fazer uma farra, pegar umas raparigas, tomar uns gorós com sopa de cabeça de galo, entre outras extravagâncias.
No que o Dominado 1 e o Dominado 2, como são creditados no final do clipe, respondem: “Vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa não”. A coreografia tem tudo para virar a dancinha fuleira do próximo veraneio. Cafuçu style é isso aí!
O homem sob o domínio e, eventualmente, sujeito ao pau-de-macarrão na caixola, sempre foi visto como antes de tudo um frouxo. Sem perdão ou condescendência dos outros marmanjos. Motivo de muita chacota. Nem o corno manso, o seu primo-irmão de folclore, é tão perseguido.
Discordo dessa onda. Confesso que vejo até uma certa beleza na obediência do bofe. Um rigor na entrega, afinal de contas, amor é disciplina, como me sopra aqui a formosura chamada Lygia Fagundes Teles.
Ora, deixem o dominado em paz no seu feitio de oração, no seu ajoelhamento diário no milho do amor e da sorte. O dominado é um devoto que sente prazer em sacrificar seus próprios desejos mundanos. Tudo em nome da sua mulherzinha, cria bíblica da sua costela.
A situação me lembra, opa, outra música, essa sim um clássico de Luiz Gonzaga: “Vai boiadeiro que a tarde já vem/Leva o teu gado e vai pensando no teu bem(…)/E quando eu chego na cancela da morada/Minha Rosinha vem correndo me abraçar/É pequenina é miudinha é quase nada/ Mas não tem outra mais bonita no lugar”.
Eis a delicadeza de obedecer. Se bem que no caso do vaqueiro de Gonzaga, o demônio era mais abstrato, oculto, não estava personificado, em carne e osso, como os colegas tentadores do DJ Sandro.
O cidadão dominado, porém, é mesmo um forte. Resiste às tentações com louvor de um cristão ortodoxo. Eu admiro e bato palmas.
& Modinhas de fêmea
“Há uma mulher. Sente por mim o que eu sinto por ela, me odeia, me ama. Quando ela me odeia eu a amo, quando ela me ama, eu a odeio. Não existe outra possibilidade.”
(Do livraço “Uma Mulher “, ed.Cosacnaify), do húngaro Péter Esterházy. Recomendo.
4 de dez. de 2010
Das Reflexões Sabáticas...
25 de nov. de 2010
24 de nov. de 2010
Não há GPS para o amor, baby...
Nem precisamos ir ao mar para ver o nosso amor morrer na praia naquele derradeiro feriadão do ano. Nosso amor morreu na Doutor Arnaldo, depois da sala de velórios, na frente das bancas de flores, rosas vermelhas que sustentam amores falidos, girassóis, gerânios, belos arranjos que fazem milagres e livram os maridos culpados no engarrafamento.Nosso amor morreu na correria para fugir de Sampaulândia, babilônicos corações de fumaça a 10 quilômetros por hora, como os tílburis que conduziam os Bentinhos e Capitus no século 19 do outro lado da Via Dutra.
Nosso amor tinha pressa, largou o automóvel e saiu caminhando, melancólico, entre motoboys e miragens, crepúsculo cubatanesco a escorrer do nariz, nosso amor era um boi na frente dos carros, nosso amor era um atropelo e a gente mal tinha tempo para fazer-lhe um dengo, um cafuné, uma cócega, um bilu-bilu, nosso amor era um tamagotchi, um bichinho virtual criado e nascido como uma planta em São Paulo.
Minutos antes, nosso amor foi visto saindo do Paraíso e saltando na Consolação, a linha do último metrô de todos os amores expressos. Aí nosso amor, puto da vida, bebeu, cheirou cola, acendeu o cachimbo na Cracolândia, perdeu os óculos, as lentes de contato, fez besteira na Rua Augusta e, quando alcançou o Vale do Anhangabaú, já nadava na correnteza em cima de um sofá velho cujo estofado denunciava lágrimas e esperas.
Nosso amor não conseguiu dormir direito nesse dia, zumbizou geral o malaco, perdeu-se como Esperanza, a linda boliviana de Cochabamba, Penélope que tece o interminável manto e nada espera nas fabriquetas de costura do Bom Retiro.
Nosso amor ouviu algumas duras lições de Esperanza, essa sim sabia o que era a vida, e chorou ao lusco-fusco em um banco do Parque da Luz. Aí foi visto pela última vez neste “pueblo”.
O amor é como a Avenida Paulista: começa no Paraíso e termina na Consolação, como li na carroça de um catador de papel
2
Nosso amor só pode estar tirando onda da nossa cara, é o tipo de amor que sabe rir da nossa desgraça, um amor de rapariga da última luz vermelha do fi m do mundo, um amor que não respeita as leis do cosmo, nosso amor é uma ficção barata, café puro, pão na chapa, nosso amor nem esfriou ainda o cadáver, acabou no auge, como a carreira de Pelé, como os Beatles, nosso amor era sábio. E como os amores reencarnam, muito cuidado, senhoras e senhores, nosso amor pode estar rondando aí a sua área e se multiplicando como pombos, ratos e gremlins. Prendam-no o criminoso, onde está a polícia que não vê uma coisa dessas, tio Nelson? Nosso amor, para ser mais exato, acabou hoje, em plena Sexta-Feira da Paixão: sentimento que costuma alimentar os inícios, jamais os fi nais. Vai entender esse troço, nossos dialéticos corazones batiam o bumbo das contradições. O fato, amigo, é que nosso amor era mais bacana e menos apressado do que nós dois juntos!
22 de nov. de 2010
Catarina Dee Jah em sampa:
Ela ja está entre nós, direto da nova holanda,com vocês catarina dee jah -nesta terça(23/11), 21h, sesc pompeia, projeto prata da casa,de gratis,na faixa
21 de nov. de 2010
20 de nov. de 2010
Coluna do yahoo...
*Para entender as mulheres
Essa historinha de que não sabemos o que querem as mulheres não é bem do jeito que alardeiam. Pera lá. Não sabemos tudo, óbvio, não deciframos todos os mistérios, mas conhecemos muitos modos de agradá-las e cumprir parte da demanda.
Elas merecem e este, afinal, é o grande desafio na terra de um homem de boa vontade. Só por esta causa já valeria a pena a existência. O que querem as mulheres? Entendemos a complexidade da clássica pergunta de Freud, agora renovada na tevê pela categoria do diretor Luiz Fernando Carvalho, na Globo.
As mulheres querem que os homens adivinhem, sintam, farejem os seus desejos – e vontades avulsas – e antecipem essas realizações. Bem-aventurados os que descobrem que elas estão a fim de uma viagem à montanha e levam-nas à montanha; bem-aventurados os que sabem que elas não aguentam mais aquele velho boteco sujo e levam-nas a um restaurante decente, dentro das posses, claro.
Bem-aventurados os que sabem que elas gostam de novidades e detestam quando os garçons nos dizem “o de sempre, amigo?” Essa confortável rotina é coisa de macho, ora bolas.
As nossas mulheres querem que tenhamos olhos só para elas. No que, aliás, foram contempladas biblicamente pelo décimo mandamento das tábuas da lei entregues por Deus a Moisés: não cobiçarás a mulher do próximo.
As mulheres querem que alternemos momentos de homens sensíveis e momentos de selvagens lenhadores. Pena é que costumamos inverter as coisas. Na gana da obediência e do agrado, somos lenhadores quando nos queriam sensíveis e vice-versa. Comédia de erros. Onde queres Leblon sou Pernambuco… Onde queres romance, rock’n’roll…
As mulheres querem que reparemos no novo corte de cabelo, mesmo que a alteração tenha sido mínima, tipo só uma aparada nas pontas. O radar capilar tem de acender a luzinha, sem falha, na hora, se liga! Se for luzes, entonces, cruzes!!!
As mulheres não toleram que viremos de lado e já nos braços de Morpheu depois da saudável prática da conjunção carnal. As mulheres querem carinho e entusiasmo, embora saibam que o único animal que canta e se anima depois do gozo é o galo, esse tarado pernalta incorrigível, incomparável.
As mulheres querem… massagem. Muita massagem. Primeiro nas costas, depois nos pés e sempre no ego.
As mulheres querem… molhinhos agridoces. Como elas se lambuzam lindamente!
As mulheres querem… flores e presentes. Não caia, jovem mancebo, nesse conto de que mulher gosta é de dinheiro. Se assim o fosse, amigo, os lascados de tudo não teriam nenhuma, nunca, jamé. Repare que até debaixo do viaduto está lá a brava fêmea na companhia do desalmado. Ela e o cachorrinho magro, só o couro, o osso e a fidelidade. O que vale é a devoção.
Mesmo que você seja mais liso que os mussuns do brejo, pobre de marre-marré, pode muito bem presentear uma bijuteria com a dramaturgia de uma jóia da Tiffany’s – vide “Bonequinha de Luxo”, o filme.
A lista continua… ad infinitum.
Deixe também sua colaboração para o nosso breviário de entendimento das mulheres. Ajude o cronista a desvendar os lindos mistérios da cria das nossas costelas.
& MODINHAS DE FÊMEA
“Se inventarem uma coisa melhor do que mulher, não quero nem saber!”
(Tarso de Castro, jornalista e mulherólogo).